Coreia do Sul: chefe do Exército que comandou tropas da lei marcial renuncia, e procuradores abrem investigação contra presidente

  • 05/12/2024
(Foto: Reprodução)
Além de Yoon Suk Yeol, dois ministros também serão investigados pela polícia por traição após decreto de lei que restringia direitos civis, na terça-feira (3). Chefe do Exército confessou ter comandando tropas Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, durante pronunciamento em novembro de 2024. Kim Hong-Ji/ Pool via AP Procuradores da Coreia do Sul abriram uma investigação contra o presidente Yoon Suk Yeol, o ministro do Interior, Lee Sang-min, e o ex-ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, por causa da imposição da lei marcial, que restringe direitos civis, informou a agência de notícias Yonhap nesta quinta-feira (5). Kim Yong-hyun, que renunciou ao cargo de ministro, também está proibido de viajar enquanto os procuradores investigam o caso, disse a Yonhap. O presidente e o outro ministro não tiveram restrições impostas. Também nesta quinta, o chefe do Exército da Coreia do Sul, ofereceu sua renúncia ao cargo. Ele atuou como comandante da lei marcial nas poucas horas em que a medida ficou em vigor. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Também nesta quinta-feira, a polícia sul-coreana abriu uma investigação por traição contra o presidente, informou a agência Yonhap. A investigação será comandada por equipes do Escritório Nacional de Investigação da Agência Nacional de Polícia. Foram registradas duas queixas: de um partido de oposição e de um grupo formado por 59 ativistas. Segundo a agência, a polícia também vai investigar o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, o ministro do Interior e o chefe do Estado-Maior do Exército, general Park An-su. Votação do impeachment O principal partido de oposição da Coreia do Sul, o Partido Democrático, planeja votar o pedido de impeachment do presidente Yoon Suk Yeol às 19h de sábado (7), no horário local, informou o jornal Chosun Ilbo nesta quinta-feira. Na quarta-feira (4), o Parlamento apresentou formalmente uma moção de impeachment contra o presidente do país. O pedido é uma retaliação à imposição da lei marcial anunciada na terça-feira (3) por Yoon, que restringia direitos civis. A medida foi derrubada pelos deputados em uma votação de urgência. Em uma votação unânime logo após o anúncio, os 190 parlamentares presentes em uma sessão cercada por militares do comando da lei marcial forçaram o presidente a voltar atrás e restaurar os direitos civis da população. Caso a moção de impeachment seja aprovada, o presidente será suspenso e substituído pelo primeiro-ministro enquanto a Corte Constitucional analisa o caso e emite um veredito no prazo de 180 dias, informou a Agência France-Presse (AFP). Se o tribunal confirmar a destituição, novas eleições presidenciais deverão ser realizadas em até 60 dias, de acordo com a agência. O pedido de impeachment foi apresentado ao Parlamento por deputados de seis partidos da oposição. A população sul-coreana também pede a retirada de Yoon da presidência, seja por um impeachment ou pela renúncia, com protestos desde a madrugada de terça para quarta. (Leia mais abaixo) Leia também: ‘Sensação de que foi golpe de Estado’: a reação dos sul-coreanos à imposição da lei marcial SANDRA COHEN: Erro de cálculo de presidente sul-coreano deverá lhe custar o cargo Presidente da Coreia do Sul declara lei marcial, e oposição vota para derrubar decreto Protestos no palácio presidencial Com cartazes e cantos com palavras de ordem, milhares de manifestantes marcharam até o gabinete presidencial em Seoul, na noite de quarta-feira (manhã de quarta, no horário de Brasília), pedindo a renúncia do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol. Manifestantes marcham em direção a palácio presidencial na Coreia do Sul O movimento se uniu à pressão da oposição do país para o impeachment do chefe do Executivo, protocolado nesta quarta. (Leia mais abaixo) A manifestação começou com uma concentração na Praça Gwanghwamun e pessoas acendendo velas e logo rumou em direção ao escritório presidencial, no distrito de Yongsan, centro de Seul. No entanto, a marcha foi bloqueada por um cordão policial. (Veja no vídeo acima) A medida tomada pelo presidente, de restringir direitos civis, ocorreu em meio a uma crise política e frustrações do chefe do Executivo com a oposição, alegando que era preciso eliminar “forças antinacionais pró-Coreia do Norte”, porém sem entrar em detalhes. Manifestantes com cartazes escritos "Yoon Suk Yeol, renuncie por traição" marcham em direção ao palácio presidencial em Seul pedindo a renúncia do presidência da Coreia do Sul em 4 de dezembro de 2024. AP Photo/Lee Jin-man Pedido de impeachment Pronunciamento do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol no qual decreta lei marcial Anthony Wallace/AFP Segundo a agência, para que o impeachment seja seja bem-sucedido é necessário o apoio de dois terços do parlamento, que tem maioria da oposição, além da aprovação de pelo menos seis juízes do Tribunal Constitucional. Conforme a agência coreana Yonhap, o pedido de impeachment foi assinado por 191 legisladores da oposição, sem o apoio de qualquer parlamentar do partido governista. Por conta da crise, os principais assessores e secretários de Yoon ofereceram suas renúncias coletivamente, e membros do gabinete, incluindo o ministro da Defesa, Kim Yong Hyun, também enfrentam pedidos para deixarem seus cargos. As renúncias foram entregues em meio à crise gerada pelo decreto de lei marcial. A revogação do decreto ocorreu depois que os deputados da Assembleia Nacional votaram para banir a medida. Leia também: Lei marcial: entenda o que é e por que foi decretada na Coreia do Sul Quem é Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul que declarou lei marcial no país Lei marcial na Coreia do Sul: veja cronologia Presidente da Coreia do Sul decreta lei marcial; entenda o termo Yoon falou em 'limpar' país de aliados da Coreia do Norte A lei marcial é um dispositivo que restringe o acesso a direitos civis e substitui a legislação normal por leis militares, como limitações e controle da imprensa, da Assembleia Nacional e das forças policiais. Yoon argumentou que queria "limpar" o país de aliados da Coreia do Norte e fez críticas à oposição. Segundo ele, forças "antiestado" estavam tentando paralisar as funções do governo e desestabilizar a ordem constitucional do país. "Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre", disse mais cedo. Após anunciar que estava revogando a medida, Yoon afirmou que ordenou que as forças militares recuassem e voltou a criticar deputados opositores. "Peço, entretanto, que a Assembleia Nacional interrompa imediatamente o comportamento ultrajante que está paralisando o funcionamento do país por meio de impeachments, manipulações legislativas e orçamentárias." O decreto da lei pegou os sul-coreanos de surpresa e provocou uma série de reações negativas, inclusive dentro do próprio governo. O acesso à Assembleia Nacional foi fechado após a imposição da lei marcial, e forças especiais da polícia foram enviadas para conter manifestantes. Ainda assim, deputados conseguiram entrar no plenário e fizeram uma sessão de emergência. Deputados de oposição da Coreia do Sul votam para derrubar a lei marcial decretada pelo presidente Yonhap via REUTERS Crise política Yoon foi eleito presidente em maio de 2022, por uma margem inferior a 1%. Ele faz parte do Partido do Poder Popular, de direita. Em abril deste ano, o Partido Democrata — de oposição — venceu com ampla vantagem as eleições legislativas. Com isso, a legenda ampliou o controle da Assembleia Nacional, conquistando mais de 170 das 300 cadeiras da Casa. O resultado refletiu a baixa popularidade do presidente, que enfrenta desafios para reduzir o custo de vida e combater a possibilidade de uma crise demográfica por causa do baixo índice de natalidade. Além disso, o atual governo se viu envolvido em acusações de corrupção. A primeira-dama, por exemplo, foi gravada recebendo como presente uma bolsa de luxo avaliada em quase R$ 11 mil. O valor ultrapassa o que é permitido pela lei. Nos últimos meses, a oposição aprovou moções para investigar a primeira-dama. Todos os projetos acabaram sendo vetados pelo presidente. Já na semana passada, o Partido Democrata rejeitou o orçamento do governo e avançou com um plano de revisão de gastos, cortando o equivalente a mais de R$ 17 bilhões. A medida irritou o gabinete presidencial, sendo que a porta-voz do governo chamou a ação de "tirania parlamentar". Initial plugin text VÍDEOS: mais assistidos do g1 N

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/12/05/lei-marcial-coreia-do-sul-investigacao-presidente-dois-ministros.ghtml


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