Acordo de defesa mútua entre Rússia e Coreia do Norte que prevê 'assistência militar imediata' em caso de guerra entra em vigor; veja
05/12/2024
Novo acordo consolida estreitamento de relações entre Vladimir Putin e Kim Jong-un, que vinham se fortalecendo desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022. Segundo Kim, a relação entre a Coreia do Norte e a Rússia se elevou a um 'novo nível de aliança'. Putin e Kim Jong-un brindaram durante uma recepção em Pyongyang em 19 de junho.
AFP
O acordo de defesa mútua entre Rússia e Coreia do Norte entrou em vigor, anunciou nesta quinta-feira (5) o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em um comunicado.
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Os vice-ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Coreia do Norte trocaram cartas de ratificação do documento em Moscou. O texto prevê a "assistência militar mútua imediata" em caso de um ataque contra um dos dois países, segundo o ministério russo. Veja abaixo alguns pontos do acordo.
O tratado "entrou em vigor em 4 de dezembro de 2024, data da troca de cartas de ratificação", afirma o comunicado.
O acordo foi concluído durante uma visita do presidente russo Vladimir Putin a Pyongyang em junho e ratificado em 8 de novembro pelo Parlamento da Rússia. Segundo a agência de notícias russa Tass, o acordo foi assinado em 19 de junho por Putin e pelo ditador norte-coreano Kim Jong-un.
Segundo Kim Jong-un, o tratado acelerará a criação de um "mundo multipolar" onde nenhum país dominante possa exercer um poder hegemônico. Kim também declarou que a relação entre a Coreia do Norte e a Rússia se elevou a um "novo nível de aliança".
O 'inquietante' pacto de proteção mútua entre Rússia e Coreia do Norte
Rússia e Coreia do Norte se aproximaram consideravelmente desde o início da ofensiva russa na Ucrânia em 2022.
O acordo também compromete os dois países a cooperar no cenário internacional para enfrentar as sanções ocidentais e coordenar suas posições na ONU.
Estados Unidos e Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte de ter enviado mais de 10 mil soldados à Rússia para lutar contra as forças ucranianas ao lado do exército russo. A Otan também faz acusações aos dois países, dos norte-coreanos terem mandado tropas para lutarem para a Rússia na guerra em troca da Rússia enviar mísseis a Pyongyang.
Detalhes do acordo
O acordo assinado entre Rússia e Coreia do Norte contém um total de 23 artigos, que versam entre temas militares, de defesa, de ajuda econômica e de cooperação em outras áreas, como cultural, questões legais e sanções do Ocidente. O tratado tem validade indefinida.
Veja abaixo alguns dos pontos mais importantes, segundo a agência de notícias russa Tass:
Assistência militar mútua:
Em caso de ameaça de agressão armada contra a Rússia ou a Coreia do Norte, ambas as partes iniciarão imediatamente comunicação por canais bilaterais para consultar e acordar uma possível assistência mútua.
Se uma das partes sofrer um ataque armado, a outra fornecerá assistência militar imediata.
Rússia e Coreia do Norte comprometem-se a não firmar acordos com terceiros que possam comprometer a soberania e segurança de qualquer das partes, nem participar de tais ações. Além disso, nenhum dos países permitirá que seu território seja usado por terceiros para ameaçar a segurança ou a inviolabilidade do outro.
As duas nações estabelecerão mecanismos conjuntos para fortalecer as capacidades de defesa, prevenir guerras e manter a paz e a segurança.
Os países também concordaram em cooperar no combate ao terrorismo internacional, extremismo, crime transnacional, tráfico humano, sequestro, imigração ilegal, fluxos financeiros ilícitos e lavagem de dinheiro, assim como ao financiamento dessas atividades.
Política pacífica:
Rússia e Coreia do Norte concordaram em desenvolver cooperação com base no respeito mútuo pela soberania dos Estados, na não interferência nos assuntos internos de cada um e na adesão aos princípios do direito internacional.
As partes trocarão periodicamente opiniões sobre relações bilaterais e assuntos de interesse mútuo na agenda internacional.
Ambas apoiam as políticas pacíficas uma da outra e trabalham juntas para estabelecer uma ordem mundial justa e multipolar.
Os dois países apoiam mutuamente a adesão de cada um a organizações internacionais e regionais.